Um grande número de
sul-sudaneses se viram obrigados a comer folhas de árvores ou sementes
devido à falta de alimentos em regiões onde, no entanto, ainda não foi
declarada a fome, informou nesta segunda-feira a organização Norwegian
Refugee Council (NRC).
"As comunidades que tentam sobreviver a uma crise
alimentar aguda recorreram a estratégias de adaptação que consistem em
comer alimentos silvestres pouco comestíveis", declarou em um comunicado
a diretora do NRC para o Sudão do Sul, Rehana Zawar.
De acordo com Zawar, as folhas têm sabor amargo e
baixo valor nutricional. "Se as famílias comem essas folhas e quase
nenhuma outra coisa, a desnutrição aparece rapidamente", advertiu.
Em 20 de fevereiro, o governo sul-sudanês declarou o
estado de fome nos condados de Leer e Mayendit (norte), enquanto que as
Nações Unidas avaliaram em 100.000 o número de pessoas diretamente
ameaçadas.
"O consumo de sementes é especialmente alarmante. Sem
sementes para os cultivos, as famílias não terão nada para plantar na
próxima temporada. Isto poderia agravar a crise alimentar e ameaça
estender a fome", advertiu o NRC.
Muitas famílias fugiram da região em busca de
alimentos e, desde o início do ano, 60.000 sul-sudaneses se refugiaram
no vizinho Sudão.
As agências da
ONU e as organizações humanitárias precisam de 1,6 bilhão de dólares
para enfrentar esta situação, segundo o NRC, embora por enquanto só
tenham arrecadado 18% deste valor.
As ONGs e a ONU afirmam que a fome é consequência de
mais de três anos de guerra civil que perturbaram a agricultura,
dispararam a inflação e obrigaram a população a deixar suas casas.
O Sudão do Sul se tornou independente do Sudão em
2011, e em dezembro de 2013 entrou em um conflito que já deixou milhares
de mortos. Mais de 1,9 milhão de sul-sudaneses estão deslocados dentro
do seu próprio país, e mais de 1,7 milhão nos países vizinhos. [Fonte: Yahoo]